SIRIA
Foto:
Reprodução/The Independent
Uma
imagem de sírios retirando pedaços de um leão morto está sendo largamente
compartilhada nas redes sociais, com ativistas apontando que esta seria a prova
de que a profunda miséria atual em meio à guerra civil no país teria vitimizado
ainda mais os animais. O leão teria sido capturado do zoológico local, e,
segundo denúncias, outros animais do zoológico também correriam este risco. As
informações são do The Independent.
A
foto mostras três homens ao redor de um leão morto com um deles segurando sua
cabeça para o alto. A imagem ainda não foi confirmada, mas muitos estão
assinalando que o leão morto estava confinado no zoológico de Al-Qarya
al-Shama, em Ghouta do Leste.
O que mostra como os animais também são afetados
e se tornam vítimas de guerras entre humanos.
As
circunstâncias exatas da morte do animal ainda não foram divulgadas. Algumas
matérias de veículos locais dizem que o homem da foto está retirando o couro do
animal para usá-lo como proteção às baixas temperaturas, já outras sugerem que
o animal já estava morto antes de ser esfaqueado. Como a palavra em árabe para
leão é “assad”, há também a possibilidade deste ato terrível ser uma mensagem
ao regime instalado no país.
Mês
passado um grupo religioso sírio autorizou que a população residente nos
subúrbios do país comesse carne normalmente, sem levar em consideração as leis
islâmicas. Os clérigos muçulmanos autorizaram à população comer gatos, cães e
macacos, como ação para tentar diminuir a fome no na região de Ghouta, mas sem
levar em consideração a própria sobrevivência destes animais, que estão,
também, sem comida e sem lar. Segundo os líderes religiosos, estas são ações
feitas para diminuir a situação precária devido à guerra e, caso ela piore, as
pessoas continuarão comendo animais.
As
autoridades locais e, também internacionais têm o dever de enviar alimentos e
todo o tipo de ajuda para animais humanos e não humanos a lugares desolados por
guerras. É preocupante a situação dos animais por toda a Síria. Não somente
aqueles presos em zoológicos, que sofreram maus-tratos durante toda a vida, mas
também os animais domésticos, que eram cuidados por famílias e que tinham lares
dos quais foram expulsos junto com seus tutores.
Treinamentos e
pesquisas
A
situação de abuso dos animais em guerras também pode ser vista até mesmo antes
da guerra começar. As Forças Armadas exploram animais para realizar pesquisas
científicas e treinamentos com soldados enfermeiros. Os cães, cabras e porcos
são alvejados por armas de diferentes calibres para que enfermeiros “treinem”
sua perícia com ferimentos típicos de combate. A tarefa é conseguir manter o
animal vivo pelo maior tempo possível, o que significa que todos os animais, no
fim, estão fadados a morrer dolorosamente.
Cães
também são comumente explorados como “funcionários” das Forças Armadas e das
instituições policiais. São cães de guarda, são aqueles que entram em um local
onde desconfiam da presença de uma bomba e, ao término de seus “serviços
prestados”, são mortos por serem “muito perigosos” e não se adaptarem a uma
vida normal com uma família adotiva.
Nota
da Redação: A exploração de animais em zoológicos, nas
Forças Armadas ou na indústria alimentícia é clara e cotidiana, são lutas que
podemos enxergar claramente suas causas e temos resposta imediata para
combatê-las, entretanto, o caso que a foto retrata, devemos ter em mente que a
causa está mais distante. Não se trata somente de culpar e nem de absolver os
indivíduos da foto, mas de entender que transformar animais em vítimas de
conflitos humanos é ignorar sua alteridade e considerá-los, de uma maneira
profundamente enraizada, meros instrumentos para o abuso de nossa
espécie.
REDE BICHOS /
Lale Rios
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