A lua de Saturno tem um oceano e pode conter vida
Publicado em
9.04.2014
Esses resultados,
publicados no jornal especializado Science, apoiam suspeitas anteriores de que
essa pequena lua tem água em estado líquido, o que a coloca em grupo exclusivo
de mundos extraterrestres do sistema solar que parecem ter uma boa dose da
substância vital à vida escondida em seus territórios.
Os outros
integrantes desse grupo, até o momento, são Titan, uma outra lua também de
Saturno, e Europa, uma lua de Júpiter.
Enceladus é
considerada pequena, por ter um diâmetro de apenas cerca de 500 quilômetros. Em
2005, a mesma sonda Cassini descobriu que as fraturas localizadas na sua região
polar sul, conhecidas popularmente por “listras de tigre”, emitem jatos de
vapor de água rica em sal. Cassini também detectou moléculas orgânicas, que
podem vir de fontes biológicas ou não biológicas, perto das “listras de tigre”
e em grãos de poeira na região.
O
que os cientistas pensam que há lá
No pólo norte da
lua Enceladus, encontra-se uma grossa camada de gelo com cerca de 50
quilômetros de espessura. E, embaixo dela, há uma rocha. Mas, no pólo sul desta
mesma lua, pode haver uma camada de gelo de apenas 18 a 24 quilômetros de
profundidade, de forma que abaixo dela estaria o oceano de que falamos.
De acordo com os
cientistas da NASA, este oceano parece ser um “reservatório em forma de lente”.
Novos estudos e outros dados recolhidos anteriormente pela sonda Cassini
parecem apontar que ele se encontra em cima de um núcleo rochoso de silicato e
“pode se estender até a metade ou mais para o equador em todas as direções”,
disse David Stevenson, professor de ciência planetária no Instituto de
Tecnologia da Califórnia (EUA).
Para Jonathan
Lunine, da Universidade de Cornell (Estados Unidos), se isso for verdade, a
água que circula na rocha iria pegar elementos como fósforo, enxofre, potássio
e sódio – que são nada menos que essenciais para a formação de moléculas que a
vida precisa.
Outro aspecto que
chamou atenção dos descobridores deste improvável oceano foi que o gelo
localizado no pólo norte da lua está cheio de crateras, enquanto que o do pólo
sul é mais suave – o que, segundo eles, significa que ressurgiu e se suavizou.
Com relação ao
oceano estar no topo da rocha, os dados de gravidade de Enceladus “fazem com
que a base dele seja muito parecida com a base do nosso próprio oceano na
Terra”, disse Lunine.
Mas
como é possível saber tudo isso?
É o que você deve
estar se perguntando, com base no fato de que ninguém foi até Enceladus para
ver se o oceano realmente existe. Os cientistas garantem que há fortes indícios
de sua existência, contudo, com base em medições de gravidade feitas por meio
da Cassini.
Quando a sonda
espacial está voando perto de Enceladus, a gravidade da lua muda a velocidade
da nave, e os cientistas podem medir essas mudanças na Terra através da
detecção das variações na frequência do sinal que Cassini envia.
Se a velocidade da
nave espacial não sofresse nenhuma mudança, a frequência do sinal permaneceria
a mesma. Mas, dependendo de onde Cassini voa, a frequência do sinal muda de
forma particular. Isso permite que os cientistas tirem mais conclusões a
respeito dos recursos que se encontram no subsolo da lua, como este oceano de
água líquida de que falamos.
Os cientistas já
sabiam sobre a presença de uma depressão ou “covinha” no pólo sul de Enceladus,
“como se houvesse uma certa quantidade de material, efetivamente, em falta”,
disse Lunine. Mas, neste novo estudo, a mudança na gravidade associada a esta
depressão não era tão profunda como esperavam. “Deve haver alguma camada de
maior densidade por baixo do gelo, e isso tem que ser um oceano de água
líquida, porque não há realmente nada mais plausível que possa explicar a
compensação para o que seria de se esperar para a assinatura da gravidade neste
depressão”, explicou.
Mas
então como podemos procurar por sinais de vida lá?
Digamos que o envio
de uma sonda para Enceladus com uma broca não seria a opção mais prática,
porque a água líquida está, até onde se sabe até agora, embaixo de uma camada
de gelo absurdamente espessa e, consequentemente, de difícil acesso. Ao invés
disso, uma boa opção seria mandar uma nave especial para sobrevoar a lua, com
equipamentos mais sofisticados do que Cassini, para tentar encontrar um certo
“menu de moléculas” associado a um sistema biológico avançado, disse Lunine.
Detectar esse tipo
de molécula poderia ser “a arma fumegante para verificarmos se de fato há vida
lá ou não”, finalizou.[CNN, Huffington Post, NY Times
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