A partir de agora, aquecimento global não
para mais.
Publicado em 1.09.2014
Aproveite a pausa no aquecimento global enquanto ela ainda está por
aqui, porque provavelmente esta é a última
que vai acontecer neste século. Uma vez que as temperaturas começarem a subir
novamente, elas não vão parar até o final do século – a menos que façamos um
esforço para reduzir as nossas emissões de gases de efeito estufa.
A desaceleração do aquecimento global que vem nos
beneficiando desde 1997 parece ser impulsionada pela ocorrência de ventos
excepcionalmente fortes sobre o Oceano Pacífico, que estão “enterrando” o calor
na água. Porém, de acordo com dois estudos independentes, mesmo que isso volte
a acontecer, ou uma erupção vulcânica lance partículas de resfriamento no ar,
não é provável que vejamos novamente um hiato semelhante.
Masahiro Watanabe, da Universidade de Tóquio, no
Japão, e seus colegas descobriram que, ao longo das últimas três décadas, os
altos e baixos naturais de temperatura têm tido menos influência sobre o calor
global do planeta. Na década de 1980, a variabilidade natural foi responsável
por quase metade das variações de temperatura observadas. Isso caiu para 38% em
1990 e, na década de 2000, chegou a apenas 27%.
Ao invés disso, o aquecimento induzido pelo homem é
responsável por cada vez mais alterações do clima. Com o aquecimento cada vez
mais rápido, pequenas variações naturais têm menos impacto e é improvável que
substituam o induzido pelo homem. “A implicação é que vamos ter menos períodos
de hiato, ou períodos de hiato que duram menos tempo”, explica Wenju Cai,
especialista em clima da Organização de Pesquisa Científica e Industrial
Comunitária, em Melbourne, na Austrália, que não estava envolvido no trabalho.
Outro estudo recente aponta que o hiato atual pode
ser o nosso último por um tempo. Matthew England e seus colegas da Universidade
de New South Wales, em Sydney, na Austrália, tentaram quantificar a chance de
outra pausa. “Nos parece que esta provavelmente vai ser a última que veremos no
futuro próximo”, afirma England.
Usando 31 modelos climáticos, os pesquisadores
mostraram que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a subir, a
chance de um hiato – um período de 10 anos sem aquecimento significativo – cai
para praticamente zero após 2030. O hiato atual provavelmente será seguido por
um rápido aquecimento à medida que o calor preso no oceano escapa para a
atmosfera, de modo que não é provável que tenhamos mais uma década sem
aquecimento antes de 2030. England acredita a próxima pausa pode levar um
século ou mais para acontecer.
Contudo, este quadro pode mudar se desacelerarmos
agora as emissões de gases de efeito estufa. Se conseguirmos alcançar as metas
de emissões globais até 2040, o aumento da temperatura irá diminuir até o final
do século, e os períodos de hiato seriam mais prováveis.
Estas lacunas
também pode ser desencadeadas por erupções vulcânicas que expelem partículas no
ar, refletindo a luz solar para longe da Terra, como aconteceu depois da
erupção de 1991 do Monte Pinatubo, nas Filipinas. Mas, mesmo que um vulcão
entre em erupção, faria pouca diferença. “Depois de 2030, é provável que a taxa
de aquecimento global seja tão rápida que até mesmo grandes erupções vulcânicas
na escala de Krakatoa não seriam susceptíveis a levar a uma década de hiato”,
diz Nicola Maher, membro da equipe australiana. [New
Scientist]
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